Barragem de rejeito: transformações na gestão de mineradoras

Barragem de rejeito: transformações na gestão de mineradoras

Nos primeiros meses de 2019, infelizmente, acompanhamos pela mídia as notícias sobre o desastre que envolveu o rompimento de uma barragem de rejeito, em MG.

Fatos como esse chamam a atenção para a importante missão das barragens: impedir danos ambientais. Porém, entender a função e importância desse impedimento nos leva a analisar e compreender a função e a gestão das mineradoras em todo esse contexto.

O que é e como funciona uma barragem de rejeito

Basicamente, toda barragem de rejeito é um reservatório construído com o objetivo de reter resíduos sólidos e água, resultantes de processos da extração de minérios.

Essa estrutura feita de terra é construída para armazenar resíduos de mineração, o que representa a fração estéril produzida pelo beneficiamento – o processo da extração de minerais do solo.

E é justamente nesse beneficiamento, que acontece por meio mecânico e/ou químico, que se divide o mineral bruto e o rejeito, ou escória.

As características dos rejeitos variam de acordo com o tipo de mineral e de seu beneficiamento. Eles podem ser finos (siltes e argilas), depositados sob forma de lama, ou formados por materiais não plásticos (areias), denominados rejeitos granulares.

Os rejeitos granulares são altamente permeáveis e contam com uma boa resistência ao cisalhamento, que consiste no ato de cortar ou causar transformação em uma superfície, a partir da tensão de forças em sentidos iguais ou contrárias, mas que seguem a mesma direção.

Já os rejeitos de granulometria fina, abaixo de 0.074mm (lamas), apresentam alta plasticidade e compressibilidade, e são de difícil sedimentação.

Soluções – como trabalhar com rejeito de minério

Entendemos até aqui que a barragem de rejeito é uma estrutura que tem como finalidade reter os resíduos sólidos e água dos processos de beneficiamento de minério.

O engenheiro Fernando Arturo Erazo Lozano, em dissertação apresentada à USP, analisa a Seleção de Locais para Barragens de Rejeitos, usando o método de análise hierárquica. Ele diz que o planejamento deve começar com a busca do local para implantação, etapa na qual se avalia todo tipo de variáveis, como: características geológicas, hidrológicas, topográficas, geotécnicas, ambientais, sociais, avaliação de riscos, entre outras.

O autor diz que há dois tipos de resíduos produzidos pelas atividades mineradoras: estéreis e rejeitos. O primeiro grupo é disposto em pilhas e usado no próprio sistema de extração do minério. O segundo grupo, resultante do processo de beneficiamento do minério, possui muita toxicidade, metais pesados e reagentes.

Sendo assim, nas estruturas da construção de uma barragem de rejeitos, é importante avaliar a escolha da localização até o fechamento, que deve seguir as normas ambientais e os critérios econômicos, geotécnicos, estruturais, sociais e de segurança e risco.

Empresas mineradoras precisam avaliar, em uma gestão atual e consciente, a melhor opção de local, a legislação ambiental vigente, as estruturas geológicas e os impactos que os rejeitos gerarão nas comunidades do entorno.

Formas sustentáveis de se trabalhar com a escória

Os rejeitos ou escória, como a lama, podem ser descartados por meio de caminhões ou correias transportadoras, ou na forma de polpa (mistura de água e sólidos), transportada por meio de tubulações e utilizando-se de sistema de bombeamento ou por gravidade.

Segunda o acervo do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), o grande volume de rejeitos gerados precisa ter seu destino pensado com responsabilidade e estratégia sustentável, tais como:

– Separação das frações finas e grossas;

– Controle dos processos de separação (granulometria);

– Utilização de sistemas de drenagens eficientes e compactação dos rejeitos (aumento da densidade e da resistência);

– Proteção superficial da barragem, que envolve balanço hídrico e gestão de segurança da opção.

Sendo assim, a engenharia de recursos hídricos precisa se adequar à disponibilidade e à necessidade de água em termos de espaço, tempo, quantidade e qualidade.

Quanto à sustentabilidade, antes de qualquer medida, o ideal é que diretores, engenheiros, gerentes e supervisores estejam a par do Programa Especial de Segurança em Barragens de Rejeitos, que contém todas as normativas necessárias do setor no país.

Em um segundo momento, e ainda pensando em gestão, a integração com natureza e economia sustentável é um ponto a ser considerado nesse segmento.

Segundo o acervo do IBRAM sobre gestão e manejo de rejeitos da mineração, o entendimento de que o minério de amanhã pode ser uma importante rota para a otimização da geração de rejeitos do setor mostra a necessidade de se lembrar do ciclo de vida dos resíduos, tanto para diminuir sua geração, como para identificar novos usos para os mesmos.

O reaproveitamento dos rejeitos ou escória, dentro das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), é uma das formas sustentáveis de dar continuidade à gestão dessa barragem. Podemos citar também:

– A prática do preenchimento de cavas exauridas de minas: essa ação tem a finalidade de reduzir a disposição na barragem de rejeito existente e eliminar a implantação de uma nova barragem ou aumentar sua vida útil. Logo, traz mais capacidade de reservatório, menos riscos à jusante e melhor possibilidade de revegetação no fechamento dela;

– Minas nos quais o beneficiamento do minério apresenta potencial para aproveitamento em outros usos: nesse caso, o pó calcário industrial passa a ser destinado como corretivo PH de solos, que atende a necessidade do mercado rural;

– Há também a possibilidade da utilização de rejeitos da extração do minério de ferro para a fabricação de insumos para a construção civil, assim como na indústria cerâmica do vidro, química, entre outras.

Nesse contexto, fica claro que, com uma gestão estruturada, responsável e consciente, as barragens de rejeitos podem ser não só assertivas para seu fim principal, mas, se adequadas às normas de segurança ambiental, se apresentarem prósperas para vários segmentos industriais.

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