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Especialista aponta cuidados a serem aplicados no uso industrial de amônia
A amônia é comumente usada como agente refrigerante em frigoríficos. Aplicado na indústria de alimentos, a toxicidade do produto químico é alta e, por isso, o vazamento do gás – quando ocorre no meio industrial – pode acarretar vários problemas de saúde, como irritação das vias respiratórias, olhos e pele de qualquer pessoa que esteja no local. Os riscos à segurança e à saúde em instalações refrigeradas existem, mas podem ser evitados com cuidados específicos.
Diversas manchetes ao longo de 2022 apontam que vazamentos de amônia levaram funcionários de frigoríficos ao hospital com sintomas de intoxicação. O caso de maior repercussão ocorreu em setembro em um frigorífico no interior de Goiás, onde 12 trabalhadores tiveram que ser socorridos pela Unidade de Pronto Atendimento da cidade. O ocorrido culminou no óbito de dois funcionários.
Não há uma estimativa oficial, porém um levantamento do atendimento de ocorrências envolvendo refrigeração e amônia, aponta um crescimento significativo ao longo dos anos. Segundo o documento, no Brasil, acidentes ambientais envolvendo produtos perigosos no período de 2006 a 2010, a classe de risco 2, na qual é classificada a amônia, apresentaram o segundo maior número de ocorrências, representando na região Centro-Oeste do país 14,2% dos acidentes.
Os danos causados aos que, acidentalmente, se expõem à amônia, dependem do tempo e nível da concentração do gás. Entre possíveis consequências, a norma técnica nº 03/2004, que dispõe sobre a refrigeração industrial por amônia, destaca que a inalação pode causar dificuldades respiratórias, broncoespasmo, queimadura da mucosa nasal, faringe e laringe, dor no peito e edema pulmonar. A ingestão causa náusea, vômitos e inchação nos lábios, boca e laringe.
Já em contato com a pele, a amônia produz dor, eritema e vesiculação. Em altas concentrações, pode haver necrose dos tecidos e queimaduras profundas. Além disso, o contato com os olhos em baixas concentrações (10 ppm) resulta em irritação ocular e lacrimejamento. Em concentrações mais altas, pode causar conjuntivite, erosão na córnea e cegueira temporária ou permanente.
Assim sendo, medidas preventivas são necessárias para o uso desse produto, e a NR-36 é um dos instrumentos para estabelecer padrões de segurança. “A cobertura das áreas técnicas com detectores de amônia, sistema de exaustão e lavagem de ar e sistemas de alarme e evacuação de ambientes”, são indicações da norma regulamentadora citadas por Luciano Lombardi, Engenheiro Chefe e CEO da HT Controls, para lidar com as ocorrências.
Lombardi explica que nos sistemas industriais, a falta de manutenção preventiva é uma das grandes causas dos acidentes. De forma que, a “substituição de gaxetas e reapertos de flanges em válvulas de bloqueio e controle” podem evitar fontes de vazamentos primários.
“Outra fonte potencial de vazamentos são as aberturas de válvulas de segurança – muitas vezes mal calibradas e com reparos antigos”, aponta. Ainda segundo o especialista, grande parte dos acidentes na indústria são falhas de operação. Como exemplos, os casos podem ocorrer em procedimentos de purga de óleo do sistema, limpeza de filtros na sala de máquinas, na extração de água da amônia ou na realização de reparos em tubulações.
A solução, de acordo com Luciano Lombardi, é substituir todas as operações por purgadores de ar automáticos, extratores de água autônomos e sistemas de filtragem e purga de óleos automatizados.
Comentários
Marcos
Ótimo artigo!
Parabéns pelo site.
Desejo sucesso e que 2024 traga muitas realizações.