Uso de amônia requer aplicação de medidas preventivas

Uso de amônia requer aplicação de medidas preventivas

Especialista explica como válvulas e detectores podem contribuir para evitar acidentes

O setor frigorífico emprega mais de 500 mil trabalhadores no Brasil, sendo um dos que mais geram acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, segundo o MPT (Ministério Público do Trabalho). Ambientes frios e úmidos, contato com agentes químicos e vazamentos de amônia são alguns dos fatores que dificultam a atuação na área. Sobre este último caso, há formas de prevenir os acidentes e algumas ferramentas disponíveis são aliadas nesse processo.

Válvulas de segurança e detectores de vazamento de amônia estão entre as aplicações que podem contribuir para evitar acidentes fatais. Aliás, a instalação de detectores é prevista na NR36, a Norma Regulamentadora que estabelece uma série de protocolos de saúde e segurança específicos para a área de abate e processamento de carnes e derivados.

De acordo com a NR36, a implantação de mecanismos para a detecção precoce de vazamentos nos pontos críticos, acoplados ao sistema de alarme, é uma das medidas de prevenção. Luciano Lombardi, Engenheiro Chefe e CEO da HT Controls, destaca dois pontos-chave sobre este quesito: a precisão e a quantidade dos detectores.

“Os alertas são em 10 ppm e alarmes em 20 ppm, assim a utilização de um detector de 0 a 100 ppm com precisão de 1% ou maior é vital. Caso contrário, alertas e alarmes falsos podem acontecer, principalmente, em salas de máquinas e pisos técnicos”, diz Lombardi.

Já o total de detectores pode determinar a extensão da área a ser coberta. “A quantidade adequada e nos locais adequados promovem uma resposta mais rápida do sistema. Isso evita que haja um vazamento de maiores proporções”, afirma.

Para além da instalação dos detectores, chamada de fase reativa pelo especialista, deve ocorrer a fase responsiva com o intertravamento do sistema, fechamento automático de válvulas, acionamento de sirenes, acionamento de exaustão e lavagem de ar. “Tudo isso irá diminuir em muito a expansão do incidente e o número de pessoas atingidas”, completa.

Sobre as válvulas de segurança, Lombardi salienta que o dimensionamento, seleção, calibração e substituição das peças de forma correta é vital. “Em acidentes ou incidentes com amônia, nos sistemas industriais, a abertura de válvula de segurança antes da pressão adequada ou o não fechamento desta causa transtornos e riscos em todo o mundo”, alerta.

Outros cuidados que podem ser adotados, segundo o consultor da Casa das Válvulas, é selecionar equipamentos buscando a baixa carga de amônia em novos projetos e a  diminuição das salas de máquinas centrais. Em substituição, pode-se optar por unidades independentes mais próximas aos pontos de consumo, como túneis de congelamento. “A grande carga de amônia está em tubulações de longa distância que estão preenchidas pelo fluido”, afirma.

Saúde em risco

De janeiro de 2017 a dezembro de 2020, foram realizadas 255.879 ações fiscais na área de segurança e saúde no trabalho em todo o país, das quais 1.437 tiveram pelo menos uma ementa relacionada à NR36, ou seja, em pelo menos 60% das ações fiscais relacionadas à norma regulamentadora em questão foi detectada ao menos uma irregularidade.

Entre os erros mais frequentes, o relatório do Ministério do Trabalho destacou as falhas na elaboração do Plano de Resposta a Emergências para operações com amônia, sem informações mínimas previstas na NR36, e a falta de dispositivo que possibilite a abertura sem muito esforço das portas de câmaras frias pelo interior e/ou alarme ou outra forma de comunicação no interior de câmaras frias.

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